sexta-feira, 29 de julho de 2011

suposto inverno carioca

o desenhista, que é escritor, observa e retrata a parade americana. (será ele, então, um retratista?)
eu, mera transeunte, talvez também uma desenhista das palavras que escreve o mundo como convém ao momento, sento na mesa da calçada do bar e retrato a parada carioca.
não uso papel, mas o olho da memória e a máquina cerebral de registro de imagens, dos sons, dos movimentos. é a parada carioca no suposto inverno carioca. e ela acontece na calçada, mais do que na rua.
queria eu traçar linhas que de tão fortes e vivas pudessem se confundir com frases, tanto que pudessem ser poesia impressa numa folha de papel.

domingo, 26 de dezembro de 2010

chove rio de(em) janeiro

27/12/2006 - 4ª f
- Chegada RJ --> 18:00 hs
- passeio em santa teresa
bar do mineiro
chopp heineken
- túnel da rua alice na volta do buraco fedido, vulgo senda do largo do machado.
- madrugada: atentados a ônibus, carros, bancos, delegacias e outros. com mortos.
- compra: 180,00 com direito à prosecco e birra.

28/12/2006 - 5ª f
praia de ipanema às 11 hs --> 10 minutos até a chuva chegar.
- em copacabana, almoço, sorvete, castelo de pingo, café, farmácia e volta pra casa.
- macarrão com abobrinha na noite pó-atentados.

29/12/2006 - 6ª f
- visita aos museus chácara do céu e parque das ruínas com parada para pisar na jaca caída e curtir o jardim verde.
- após conversa furada e 2 latinhas de cerveja um almoço no nova capela, restaurante tradicional carioca. carne e arroz com brócolis. opa, não esquece a porção de batata portuguesa!
- à noite, gafieira do acau e na sequência, festa falida das amigas da mamada (Létícia). sem uísque. tristinho, mas ok.

30/12/2006 - sábado
- praia da joatinga à tarde
- sol com nuvens - talvez cúmulos nimbus, não sei - e algumas boas risadas. tomamos as últimas cervejas do único vendedor da praia. e quando viro descompromissadamente meu rosto avisto um ser do sexo masculino empunhando uma garrafa de red label. oh! pode ser que se o sexo fosse outro...eu lhe pediria uma dose.
- ida à ipanema para ver o pôr-do-sol, mas, nas palavras da marina: "só que aí fechou e a desgraça começou!".
- nada de entardecer romântico à beira do mar.
- a fome nos levou a um dos lugares mais peculiares e por isso interessantes da cidade, o braseirinho. preço justo, comida farta e simpatia.

31/12/2006 - domingo
- dia de morgação total em casa, dia de chuva. fizemos macarrão com carne. comida é bom.
- preparação para a saída de 2006: houve descompasso e saímos tarde, trânsito, roupa branca, estacionamento cheio e apertado.
- no busão, vazio, ansiedade. comida de novo e fumaça de marlboro na casa dos pais do zé. péssimo. rolou um red label sem gelo num calor de 38º. foda demais. e desceu a trupe, a bala, tudo pra rua! uá! no 12º andar nos postamos, bem fixos, porém embriagados de festa, e paramos para olhar o céu colorido com fogos. as esferas se moviam, cresciam, vinham em nossa direção.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010



água água água
sou água inteira e profunda
mergulho em mim que não acaba nunca
na terra sou fogo e água
ar puro de mim
brota e jorra pro mundo
entra no poro
escorre na pele
água pura de mim
eterno mergulho
e no fim,
jardim florido de amor
minha água rega e faz brotar vida
vida dentro de mim
vida bela e inteira

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

cena de mãe e filho na primavera da cidade grande

na porta quase pra fora da estação de metrô, que é terminal de ônibus também, ela olha o seu ônibus e constata: está quase partindo. vamos perdê-lo. o filho, filho que é, responde rapidamente ao olhar fixo da mãe e corre em direção ao ônibus. atravessa o terminal lotado de gente espremida por causa da chuva (com gelo!) que cai no fim de tarde cinza, a mochila pesa e o uniforme está grande no corpo, mas ele corre em direção ao veículo coletivo e grita: "vem mãe, ele tá saindo!". corre mais. entra. para na porta e coloca a cabeça pra fora e procura a mãe, que, como ele, passa entre as filas dos outros ônibus. dentro do ônibus ele pede ao motorista que espere sua mãe: "ela tá vindo moço.". ela ainda olha mais uma vez, mas a chuva forte impede que veja bem. ouve a voz do filho e entra. o ônibus parte e leva os dois, juntos e respingados de chuva quente de primavera.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

trechos do pensamento que não para

"amor no coração só leva à evolução."

"a poesia esgota como o gozo no começo da tarde."

"a vida cotidiana invade e mata a arte. ou cria?"

"the life is just expectations!"

"cada um com seu caracol"

"não tenho tipos ideais, mas odeio tipos idiotas" (essa é do anderson na mesa do bar decadência e elegância em brasília)

"quina do cerrado, pindaíba, marmelada de cachorro, orelha de negro, açoite de cavalo. são as árvores do cerrado!"

alumia

cidade te ilumina
cidade me ilumina
ilumina a viagem interna
a viagem interna minha
que é na geografia
das ruas e dos mapas
das sensações e medos
me ilumina no caminho
do encontro do eu
que é outro
é inteireza do encontro
é o eu-outro.